Termo tão comum no ambiente
corporativo, o feedback nem sempre é algo fácil de ser entendido e aceito no
dia a dia de donos de negócio. Por isso, vale a pena refletir se existe mesmo
uma maneira correta de dar um retorno àqueles que fazem parte da sua equipe,
sejam eles subordinados ou sócios.
O conhecimento e a aplicação de
técnicas específicas fazem com que uma simples conversa se torne um
acontecimento especial, e aumentam as chances de se colher os resultados
necessários para o desenvolvimento pessoal e, também, dos negócios.
Convivendo e analisando o comportamento
de 450 donos de empresas de pequeno, médio e grande portes, percebi que algo
tão rotineiro em ambientes de trabalho nem sempre é compreendido ou mesmo bem
aceito. Uma pesquisa realizada com esses empresários, participantes do Grupo
Dirigido de Psicodinâmica em Negócios no Brasil (GD) - no qual conheceram e
desenvolveram técnicas -, aponta que a capacidade de se comunicar bem em
situações de feedback mais que duplicou.
Ao serem questionados se davam e
recebiam feedback em locais de negócios - antes de iniciarem no GD - os
executivos apresentaram uma média de 3,36 (0 indicava "não aplico" e
10 "aplico totalmente"). Meses depois, esses empresários, ao ouvirem
a mesma pergunta, alcançaram a média de 7,48 - ou seja, mais que o dobro da
avaliação anterior.
Durante o período em que estavam
no GD, esses homens e mulheres de negócio perceberam que saber dar o retorno
sobre uma situação do dia a dia de trabalho nem sempre é missão das mais
simples. Muitas vezes, a conversa que tinha a intenção ajeitar as coisas gerava
um efeito contrário, e apenas colocava mais lenha na fogueira. Para que isso
não aconteça, é necessário que os envolvidos partam de dois princípios
essenciais, apontados pela psicóloga Fela Moscovici: ser descritivo, em vez de
avaliativo; e ser específico, em vez de generalista.
Ser descritivo nada mais é que ir
direto aos fatos, sem julgamentos à atitude dos outros envolvidos. Dizer
"aquele equipamento que custou 20 000 reais" é melhor que dizer
"aquele equipamento que custou uma fortuna". Quanto a ser a
específico, o ideal é que situações em que a outra pessoa tenha agido de
maneira inadequada apenas sejam descritas, sem a utilização de termos gerais
como "você é grosseiro" ou "você não sabe guardar
dinheiro".
Além dessas duas orientações básicas,
uma dica importante para se ter um "feedback bem dado" é a montagem
de um pequeno roteiro. Ao conhecerem os tópicos abaixo, grandes empresários
brasileiros passam a entender que feedback não se trata de queixa, bronca,
conselho ou mesmo lição de moral. Tal retorno nada mais é que uma ferramenta
para que comportamentos impróprios sejam alterados e as relações entre pessoas
se tornem mais fáceis. Por isso, jamais entre em uma conversa de feedback
achando que é o dono da verdade. Sempre existem dois lados.
Mesmo desenvolvendo e aplicando
muitas técnicas, acredito que estas não sejam as mais importantes em um momento
de cobrança e troca de informações. É necessário que haja respeito entre os
envolvidos e o desejo real de que o outro apenas melhore.
Confira sete dicas para você dar
um bom feedback:
Preparação: Reflita cuidadosamente sobre o que irá falar
ao outro, com um balanço de aspectos positivos e negativos. Quem se prepara com
antecedência faz com que os fatos mais importantes sejam privilegiados durante
o feedback e, com a lembrança dos pontos positivos do outro envolvido, a
resistência pode ser quebrada.
Escolha
do ambiente adequado: A
conversa deve ocorrer em um ambiente neutro, de preferência na sala de quem vai
receber o feedback, sem que haja interrupções de outras pessoas. O local deve
contribuir para que o assunto transcorra com a menor tensão.
Definição
das regras: Enquanto
um se pronuncia, o ideal é que outro anote todas as observações e as cite
somente depois. Em seguida, os papeis se invertem. Respostas de bate-pronto
geram tensão. Com a espera a impulsividade é controlada e há tempo para se
assimilar o que foi dito. Quem propôs o feedback deve deixar o outro à vontade
para começar, caso prefira.
Comece
pelos pontos positivos: Destaque as qualidades de quem recebe o
feedback, antes de cobrar algo. Começar pelos pontos positivos faz que a
resistência de quem escuta seja quebrada.
Cuidado
com um tom acusatório: Use
exemplos específicos de comportamentos inadequados, e não adjetivos genéricos
como "egoísta" e "preguiçoso". Também é melhor dizer
"eu me sinto desconfortável com essa situação" que "você é isso
ou aquilo".
Escute: Não interrompa o outro enquanto ele se
posiciona. Aguardar o momento certo para se pronunciar é sinal de maturidade e
interesse verdadeiro pela melhora.
Finalização: É fundamental que haja um reforço dos pontos
principais do feedback, tanto dos negativos quanto dos positivos. Isso ajuda o
outro a organizar os pensamentos e a selecionar o mais importante de uma
conversa.
Fonte: Você RH