Muito do que é escrito hoje sobre a liderança foca no que líderes
de alto nível devem fazer, o que é certamente benéfico do ponto de vista
teórico e aspiracional. Mas o que realmente preocupa os líderes no dia-a-dia
são os seus próprios erros. Eles erram, mas não por serem pessoas más, mas
porque, frequentemente, se atrapalham devido à falta de conhecimento, maus
hábitos ou muito estresse.
Os erros mais comuns - e, não coincidentemente, os mais danosos -
acontecem por causa de interações pessoais equivocadas. Seguem 10 erros que
líderes cometem com as pessoas que tenho observado e que, certamente, você
também:
1. Não dedicar tempo suficiente
para criar laços com as pessoas. Um líder que não está humanamente interessado nas pessoas já
começa com o pé errado. Um líder conceitualmente interessado nos outros, mas
que não dedica tempo para criar laços com elas, tende a não ter sucesso em suas
relações - seja com empregados, colegas, clientes ou acionistas. Um laço é uma
profunda ligação emocional, diferente de simplesmente gostar de alguém. Na
verdade, você não tem que gostar da pessoa para se relacionar com ela, mas tem
de conhecê-la e entender o que a motiva. Isso leva tempo e vai além do simples
trabalho diário.
2. Ser indisponível e
inacessível. De fato, líderes precisam
delegar tarefas. No entanto, delegar não significa se distanciar
emocionalmente. Líderes que atribuem tarefas e se desligam completamente do
projeto acabam abandonando sua equipe. A boa atribuição de tarefa depende de
acessibilidade e conexão contínua. Você pode manter um tipo de ligação ao
sinalizar que está disponível, o que não significa que atenderá imediatamente
todas as solicitações. Você deve criar canais de comunicação e explicar as
pessoas como usá-los.
3. Não focar no desenvolvimento
de talentos. Frequentemente, os líderes
focam exclusivamente na realização dos objetivos da empresa e acabam
negligenciando a necessidade inerente do ser humano de aprender. As pessoas
querem expandir suas habilidades e competências ao fazer seu trabalho. Entenda
que a aprendizagem é fundamental para atingir resultados. Quando você prioriza
o aprendizado, você se torna um grande líder, que sabe detectar e desenvolver
talentos escondidos nas pessoas. Ou seja, você se transforma também em um
caçador de talentos.
4. Não dar feedback sobre o
desempenho. As pessoas têm alto
desempenho apenas quando se deparam com sua eficácia. Líderes muitas vezes
ignoram essa necessidade e assim as privam de seus futuros. Um feedback honesto
pode machucar, mas os grandes líderes sabem como relevar e transformar essa dor
de tal forma que as pessoas acabam agradecendo, e pedindo mais! Pessoas
talentosas - aquelas que querem aprender - preferem "tomar tapas na cara
com a verdade do que serem beijadas na bochecha com uma mentira".
Desenvolva sua capacidade de falar a verdade doa a quem doer e, assim,
possibilitará um melhor desempenho.
5. Não considerar as emoções. As emoções mais fortes estão relacionadas à perda, decepção,
fracasso e separação. Na verdade, pesquisas indicam claramente que a perda, e
até mesmo o medo antecipado da perda, influenciam o comportamento das pessoas
muito mais do que potenciais benefícios e recompensas. Líderes que ignoram as
emoções da perda e decepção cometem um erro gravíssimo, que acaba reduzindo em
muito o engajamento dos funcionários. Você pode melhorar muita coisa
simplesmente ao se conscientizar destas emoções e demonstrar verdadeiro
interesse nas experiências pessoais do indivíduo.
6. Administrar conflitos
ineficazmente. Conflitos não abordados
impedem a cooperação e alinhamento em torno de objetivos comuns. A tensão,
emoções negativas e a polarização se acumulam. Os conflitos tornam-se
"bichos mortos debaixo da mesa": mesmo com todos agindo como se o
bicho não estivesse lá, o cheiro permeia todo o ambiente. Cabe a você, como
líder, colocar expor o corpo e enterrá-lo da maneira correta, resolvendo o
conflito. Sua recompensa: ¬ um ambiente prazeroso e que pode desenvolver
equipes melhores e mais fortes.
7. Não conduzir a mudança. Sem mudança, nossas organizações, como todos os organismos vivos,
perdem vigor e, por fim, morrem. Líderes que não impulsionam a mudança colocam
suas empresas em sério risco. Explique os benefícios que as mudanças trarão e
saiba que as pessoas não resistem à mudança naturalmente; elas resistem ao medo
do desconhecido ou à dor que a transição pode trazer. Seu papel é ser uma base
segura, que transmite uma sensação de segurança, estímulo e energia. Em outras
palavras, você tem de se importar o suficiente para incentivar a ousadia. Isto
é fundamental.
8. Não incentivar os outros a
assumirem riscos. Por natureza, o cérebro
humano age na defensiva e é avesso ao risco. No entanto, com a prática,
intenção e - mais importante - com modelos positivos, as pessoas podem adaptar
sua mente para abraçar os riscos. Muitos líderes incentivam seus funcionários a
permanecerem na área de conforto, ou, como costumo dizer, "jogar para não
perder". Mas os melhores líderes criam confiança suficiente para que os
outros se sintam seguros e apoiados para assumirem riscos e "jogar para
ganhar". Esta é uma forma ativa e positiva de se comportar, que promove a
mudança e realização.
9. Motivação mal-entendida. A maioria das pessoas é movida por "motivadores
intrínsecos": desafios, aprender algo novo, fazer uma diferença importante
ou desenvolver um talento. Muitos líderes não aproveitam esse sistema de
orientação interna, focando em "motivadores extrínsecos" - como
bônus, promoções, dinheiro e recompensas artificiais. Claro, você tem de pagar
as pessoas de forma justa, porém, tenha em mente que tais motivadores externos
distorcem o sistema de motivação interna. Você será um líder melhor quando
inspirar as pessoas e passar a entender o que realmente desejam atingir em
termos de crescimento e contribuição.
10. Administrar atividades em
vez de liderar as pessoas. As pessoas odeiam quando
são tratadas como peças de uma engrenagem. No entanto, o gerenciamento se
baseia no controle, administração e planejamento de atividades e, portanto, de
pessoas. A liderança, por outro lado, envolve inspirar, incentivar e tirar o
melhor das pessoas ao criar confiança e incentivar o risco positivo. Para ser
um líder e não apenas um gerente, você precisa pensar nas pessoas como pessoas.
Isso leva tempo e dedicação, e nos remete aos fundamentos da criação de laços -
o erro número um.
Fonte: Você RH
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