sexta-feira, 18 de março de 2011

Baixa qualidade de cursos de engenharia pode se tornar gargalo para crescimento do País


"ESTUDO DO IPEA APONTA QUE ALTA DEMANDA POR PROFISSIONAS DA ÁREA PODE ESBARRAR NA MÁ FORMAÇÃO DA MÃO DE OBRA


O desempenho da economia e os investimentos previstos em infraestrutura e outros setores vão acelerar a demanda por engenheiros no País nos próximos dez anos. Segundo estudo divulgado nesta quarta-feira (16/3) pelo Instututo de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a procura por esses profissionais pode crescer entre 5% e 13% ao ano até 2020, de acordo com o ritmo da expansão do Produto Interno Bruto (PIB). No cenário mais pessimista, que prevê um crescimento econômico de 2,5% ao ano, o número de engenheiros procurado pelo mercado saltaria 74% no período, enquanto, no mais otimista, que trabalha com alta anual de 6% no PIB, essa demanda cresceria 259%.


A previsão do Ipea é de que a formação de engenheiros no País seguirá em ritmo acelerado, o que seria suficiente para atender o mercado. Os dados do instituto mostram que o Brasil poderá contar, em 2020, com um estoque de engenheiros formado por entre 1,5 e 1,8 milhão de pessoas. Ao mesmo tempo, o mercado demandará algo entre 563 mil e 1,1 milhão de profissionais da área. Ainda assim, com mais formados do que vagas, o Ipea alerta: há riscos de um "apagão" no setor.

"Não é meramente a quantidade de oferta de diplomados em engenharia o determinante dos chamados gargalos de mão de obra no Brasil nos próximos anos", destaca o estudo. O desafio, segundo os técnicos do Ipea, é principalmente qualitativo. Em 2008, 65% dos formados na área conseguiram o diploma em universidades consideradas "de baixo desempenho" no Enade - exame que avalia o nível dos cursos superiores no País. Outros 22,8% cursaram escolas de "desempenho mediano", enquanto apenas 12,1% se formaram em instituições de "alto desempenho".

"Sem adotar uma postura pessimista, preocupa constatar que a maioria dos concluintes dos cursos da área de engenharias - avaliados pelo Enade, seja em 2005, seja em 2008 - obtiveram seu diploma em instituições tidas como de baixo desempenho", avalia o Ipea. Os pesquisadores destacam "uma qualidade sofrível na formação de engenheiros no Brasil" e observam que "as universidades públicas constituem a maioria esmagadora do grupo que oferece cursos de alto desempenho".

O Ipea também critica o ensino básico do País, uma vez que "a oferta de profissionais em engenharia e em outras profissões com maior grau de especialização depende também da qualificação adequada dos ingressantes no ensino superior". Assim, o estudo pede uma melhora significativa nas "competências básicas dos alunos de ensino médio, para que mais candidatos tenham condições de ingressar nos cursos mais especializados, como os de engenharia, e concluí-los com sucesso".

O documento ainda aponta a necessidade de "esforços adicionais" em áreas que apresentam situação "mais crítica" na demanda por mão de obra especializada. Entre esses setores, o Ipea lista os de extração mineral - incluindo petróleo e gás -, construção e infraestrutura."

Reportagem de Luciano Costa, retirada do jornal da engenharia. Outras Postagens
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1 comentários: on "Baixa qualidade de cursos de engenharia pode se tornar gargalo para crescimento do País"

Economia Industrial disse... [Responder comentário]

O problema não se concentra no ensino das faculdade de engenharia. Ali observamos só as consequências do ensino básico. Os jovens, cada vez mais, apreendem a ser imediatistas, resultados imediatos, salários e aumentos imediatos, promoções imediatos, desvinculado do próprio resultado. Respostas para problemas, no máximo, procura-se no Google ou YouTube, sem a mínima necessidade de entender o por que do resultado. Se ali não se encontra, o problema não tem solução. Poucos aprenderam pesquisar e procurar soluções. Os nossos engenheiros dependem cada vez mais de vendedores de maquinas, ferramentas ou sistemas para encontrar soluções. Eles nunca aprenderam estudar durante noites e noites, em livros para entender como as coisas funcionam, pior ainda, muitos não conseguem mais ler e interpretar textos. Eu conheço industrias do ramo metalúrgico que são verdadeiros museus tecnológicos, por causa da total falta de competência. Engenheiros não são pessoas possuidoras de um certificado, eles são pesquisadores.

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